2014/10/10

Pathway – A música pode fazer a diferença em um jogo (Entrevista divertida com dois compositores de trilhas sonoras para jogos)

Há uma semana fiz uma longa viagem para entrevistar os Pathway que vivem em uma espécie de moinho remodelado. Nesse moinho, além do espaço para viver, está instalado um estúdio de gravação moderno. Conversei com os compositores, Li e Leo (que têm um projeto chamado Pathway), sobre sua formação musical, como começaram a compor para jogos e qual a configuração mínima de um estúdio para alguém que queira se iniciar nesta área.
 

TVG - Vocês podem nos falar sobre a formação musical de cada um?

Li: Claro. Tanto eu como o Leo começamos muito cedo a aprender música. Por volta dos sete, oito anos. Nossos pais compraram-nos instrumentos como guitarras e sintetizadores, também havia um velho piano lá em casa. Tudo aconteceu muito naturalmente. Nossos pais não insistiram, fomos nós que lentamente começamos “pesquisando” os instrumentos. Mais tarde, com doze, treze anos inscreveram-nos na Conservatória de Música.

Mas além de tocar, vocês também começaram escrevendo músicas?

Leo: É verdade. Tínhamos um sintetizador da Casio que tinha integrado um sequencer/recorder. Você carregava um botãozinho e o Casio gravava tudo que você tocava, era algo fantástico para a altura. Depois apresentávamos essas composições aos nossos familiares que perguntavam sempre se tínhamos sido nós a compor aquelas músicas. (risos)

O que levou vocês começarem a compor para jogos?

Li: Além de sermos malucos por música, somos jogadores de console compulsivos. Um dia, aconteceu que não gostamos especialmente da música de um jogo e trocamos por uma música nossa. Um amigo nosso que mais ou menos está ligado à indústria dos jogos agarrou na nossa música e “desapareceu” com ela. Alguns dias mais tarde, ele ligou-nos e disse «tenho aqui uma proposta para vocês escreverem a música para um jogo. Aceitam?» E aceitamos prontamente.

Não quiseram saber de que jogo se tratava?
 
Leo: Fomos sempre abertos a todos os gêneros. O que se aplica à música também se aplica aos jogos.  O que eu quero dizer é que há pessoas que dizem: a música clássica é boa e a música pop é má. O que é uma estupidez, há música boa seja em que estilo ou gênero for, e a mesma coisa se aplica aos jogos. Por isso, até podia ter sido um jogo para bebês que tínhamos aceitado.  Acabou por ser um jogo de corridas de carros.

Entretanto vocês têm os vossos próprios projetos. Querem falar-nos um pouco sobre eles?


Li: Com o tempo, temos vindo juntando muito material, muitas composições que têm como base um conceito, uma idéia visual, uma história visual. Por esta altura, existe apenas a música, mas no futuro estamos pensando em desenvolver algo mais. Não podemos falar para já sobre pormenores, mas quanto a esse projeto haverá novidades para maio ou junho do próximo ano.

Os vossos álbuns, “Space Traveller” e “The Pacific”, foram lançados com um mês e tal de diferença entre eles. Sei que não estão satisfeitos por causa disso.


Li: Realmente, estamos furiosos (risos). Não, o que houve foram questões burocráticas que vieram atrasar tudo. O “Space Traveller” devia ter saído em fevereiro ou março e acabou por sair... (vira-se)

Leo: Em agosto.

Li: E o “The Pacific” era para sair em agosto, e saiu, vá lá, em setembro.

Quando vocês começaram a trabalhar profissionalmente nesta área, tinham um estúdio com uma configuração mínima.  Para quem tenha interesse em produzir e/ou compor música, o que tem de investir?

Leo: Não precisa investir muito. O que realmente conta é suas idéias. Hoje em dia, você pode transportar seu estúdio consigo. Um bom laptop, um teclado tipo piano que dê para ligar ao laptop e um ou dois programas como o Logic e o East West, mas há outros igualmente bons, é suficiente para você começar escrevendo e gravando sua música.

Li: Existem muitos programas com versão de teste. Assim você pode experimentar com qual você consegue trabalhar melhor.

Vocês têm mais alguma dica para músicos que procuram compor para mídia visual?

Leo: É importante ter a mente livre e deixá-la seguir os ritmos naturais que você está vendo, seguir a “música” das imagens em movimento.

Li: Exatamente. Não tente se controlar. Deixe a música fluir com o visual.

Enquanto estão evoluindo no vosso percurso musical, há artistas que vos tenham influenciado?


Leo: Sou influenciado por todo tipo de música, ouço todo o tipo de música. Gosto de Stravinsky, gosto dos Beatles, David Bowie, mas também gosto de ouvir John Williams que escreveu a música original de Star Wars.

Li: Toda a música  me influencia, mas especialmente a música conceptual e sigo todos os projetos feitos nessa área.

O que vocês têm planejado para os próximos meses?


Li: Para lá do nosso próprio projeto, que vai ser alargado nos próximos meses, temos três propostas tentadoras, mas infelizmente só vamos poder optar por uma delas.

Obrigada pela entrevista.

Leo: Abraço.

Li: Um abraço para todos que curtem um bom jogo.

Se quiserem conhecer melhor o projeto dos Pathway podem ouvir/comprar sua música no iTunes, Google Play ou outras lojas digitais.
 

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